quinta-feira, novembro 30

Im(paz)ciência;

Celestial é a boca do abismo,

Não há em Terra, tão sublime sentimento,

Que sentimento? O de pré-morte!

Antes de deixar este cruel plano, muito se morre,

Mesmo ainda vivo.

Se morre de amor, de cansaço,

Ou simplesmente de exaustão.

Se morre de tanto pensar, e de não pensar nada,

Se morre de mente e de alma,

E no fim, se morre sem nada,

Sem bem, sem mal,

Sem amor, sem ninguém,

Só se morre, pois é o fim,

O fim do corpo, e porém, o fim de tudo,

E daí, já se pulou do precipício,

Já se rolou penhasco à baixo,

E tudo se foi descartado,

No final das contas,

Nem paz para a morte se tem,

Pois se morre rodeado...


Hey Lyrers, após meio século de espera, trago hoje uma reflexão sobre a visão pré-estabelecida de morte que nos é dada desde o berço. Espero que gostem!

Beijinhos da Lyra. ;)

terça-feira, outubro 31

Clamor cego;

Enclausurado,

O pássaro,

Se debate,

Numa pequena caixa de madeira,

- Oh, senhor! Ora, pai!

E se debate,

Clama e reclama:

- Oh, Deus! Oh, senhor!

E se debate,

Voa-te para fora, passarinho.

Para fora de ti!

Mas, ora, não sai do lugar,

Pois tens o pecado sobre as asas,

E a caixa, é o reflexo de seu demônio,

Enclausurado,

Ele clama:

- Oh, céus! Oh, Deus!

E seu piar, vai-se esvaindo,

Seu pequeno corpo se amolece,

E, de súbito, ele cai, e então:

- Oh, Deus!

E ali jaz o pássaro,

No chão da caixa de madeira;

A caixa foi aberta,

Mas já não se tem o que libertar!


Hey Lyrers, mil desculpas pelo hiatus, não tenho escrito tanto nos últimos tempos, mas isso não quer dizer que não tenho buscado mais inspiração para alimentar o blog. Espero que gostem do poema e que sirva para refletir sobre a vida e as complexidades da sociedade.

Beijos da Lyra. :)